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Num vídeo publicado no Instagram, rede que a elevou como uma das maiores influencers do mundo e onde diariamente promove marcas próprias e alheias e expõe a sua vida luxuosa, Ferragni pediu desculpas por ter cometido “um erro de comunicação” com a questão do pandoro. Ela anunciou que iria doar ao hospital de Turim a quantia que ganhou. Esta é a mais recente publicação em suas redes, onde há dias reina um silêncio incomum.
A tempestade, longe de diminuir ali, intensificou-se. A influenciadora italiana, uma das mais seguidas do planeta, acabou no olho de um furacão que ameaça o seu império de 30 milhões de seguidores. Este é o primeiro revés significativo para Ferragni, que sempre esteve em constante ascensão, ao comando de uma máquina que acumulava colaborações e patrocínios. Só com a sua imagem, os negócios geraram em 2022 lucros de 10 milhões de euros (mais de R$ 53 milhões).
Agora que vieram à tona outros casos de campanhas beneficentes duvidosas, vários patrocinadores e empresas estão abandonando suas colaborações. Chiara vive a maior perda de seguidores desde que se destacou nas redes, e a Justiça está investigando seus movimentos. Um coquetel explosivo para a empresária de 36 anos que iniciou seu blog de moda The Blonde Salad em 2009, acabou fazendo fortuna e foi parar num mestrado na Harvard Business School. Até agora, ela havia transformado tudo o que tocou em ouro — como as garrafas de água que vende com o seu logotipo por 8 euros.
O Ministério Público investiga duas campanhas de venda de ovos de Páscoa, embrulhados na clássica cor rosa e com seu anagrama, que foram vendidos em 2021 e 2022 pela empresa Dolci Preziosi e que prometiam contribuir para um projeto beneficente em favor da inclusão infantil com autismo. Foi descoberto que a arrecadação ultrapassou 1 milhão de euros, enquanto a doação foi de apenas 36 mil euros. Os investigadores tentarão esclarecer se se tratou de uma operação comercial disfarçada de caridade.
Em meio à chuva de polêmicas, o grupo italiano especializado em óculos de alta qualidade Safilo anunciou que está rompendo a colaboração com a Ferragni, “após a violação dos compromissos contratuais”, conforme explicado em comunicado. A empresa, dona de marcas como Carrera ou Polaroid e designer de outras como Carolina Herrera ou Jimmy Choo, não especificou a violação contratual.
Embora a sua legião de seguidores seja imensa e chegue a quase 30 milhões de todo o mundo, em menos de uma semana, desde que o caso Balocco foi divulgado, a italiana perdeu cerca de 90 mil seguidores, 0,3% da sua comunidade.
A empresa especializada em estratégia e comunicação digital DeRev analisou os dados das redes de Ferragni para o jornal La Repubblica: “Ao contrário do que se poderia imaginar, a curva descendente de seguidores não diminuiu desde o vídeo de desculpas, mas na realidade foi acentuada até mais. Especialmente em termos de audiência no Instagram, este assunto representa o primeiro revés real para Chiara Ferragni e a maior hemorragia de seguidores na história da sua conta”, observou.
DeRev destacou também que, em geral, os comentários dos usuários nas últimas publicações da influenciadora são negativos, principalmente nos posts de colaborações comerciais, onde a empresária italiana divulga diversas marcas. Estas notas são significativas, considerando que as redes sociais são a pedra angular do império Ferragni.
O caso causou tanta agitação na Itália que, além de ocupar espaços de destaque nas seções de informação e opinião da maioria dos jornais e programas de televisão, chegou à política. Até a primeira-ministra, Giorgia Meloni, atacou a influenciadora, embora sem citá-la diretamente, num dos seus discursos. Embora a política tenha destacado a atividade do governo no último ano e criticado a oposição, atacou Ferragni num tom agressivo:
— O verdadeiro modelo não são os influenciadores que ganham dinheiro à mão usando roupas ou mostrando malas, ou mesmo promovendo produtos muito caros, bolos com os quais fazem acreditar que farão caridade, mas cujo preço só serve para pagar cachês milionários. O verdadeiro modelo a seguir é o de quem inventa, desenha e produz essa excelência italiana — disse a primeira-ministra, ao levantar a voz, num evento organizado pela juventude do seu partido.
Giorgia Meloni aproveitou a notícia do pandoro e da notoriedade de Ferragni para desacreditar genericamente o trabalho dos influenciadores, que, segundo ela, é menos nobre que outros porque “promove” objetos em vez de “produzi-los”. Seu ataque direto a uma empresária italiana como Ferragni também foi amplamente criticado no país por ser considerado inapropriado.
Chiara Ferragni não respondeu ao insulto, mas o rapper Fedez, marido da influenciadora, comentou em suas redes que achou “estranho” que Meloni atacasse “pessoas que trabalham na internet em vez de focar em questões políticas”.
“Você já falou sobre o desemprego juvenil? Não. Ela falou sobre a manobra financeira que eles estão fazendo com a bunda e que ainda não terminaram? Não. Você falou sobre a pressão fiscal do país? Não. ‘Tenha cuidado com as pessoas que trabalham na web’: essa é a prioridade da nossa primeira-ministra", rebateu o cantor.