Tatu-canastra, jiboia arco-íris e sapo-foguetinho foram vistos em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera/Corpo de Bombeiros/Pedro Peloso
Ao longo de 2023, diferentes espécies de animais foram vistas em aparições raras nos municípios goianos. Entre eles, estão nomes curiosos, como a jiboia 'arco-íris' e o sapo-foguetinho, e até animais ameaçados de extinção, como o tatu-canastra, considerado o maior tatu do mundo.
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Relembre os registros raros de animais feitos neste ano
Jiboia 'arco-íris'
Em fevereiro deste ano, uma jiboia conhecida como “arco-íris” impressionou funcionários após ser encontrada na porta de uma empresa em Caldas Novas, no sul de Goiás. O subtenente do Corpo de Bombeiros Fábio Mesquita contou que a empresa fica perto de um brejo e que o animal rastejou na calçada e subiu em um coqueiro. A cobra de 1,2 metro não estava ferida e foi solta na natureza.
Ao g1, o biólogo Edson Abrão explicou que o animal é raro, não é peçonhento e se alimenta de pequenos mamíferos, como roedores e anfíbios.
“Esse efeito ‘arco-íris’ é chamado de iridescência. Ela possui células que refletem a luz do sol e que fazem com que ela fique brilhante. É muito parecido com o fenômeno climático do arco-íris”, explicou o biólogo.
O especialista disse ainda que o fato de ela ficar colorida no sol facilita para que ela se proteja de alguns predadores. “A maioria desses animais, quanto mais colorido, é mais peçonhento. Alguns são assim para enganar o predador”, pontuou o biólogo.
Jiboia 'arco-íris' impressiona funcionários ao ser encontrada perto de empresa em Caldas Novas, Goiás — Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros
Sapo-foguetinho
Em junho deste ano, quase 90 espécies de anfíbios e répteis raras e endêmicas foram catalogadas por pesquisadores na região da Chapada dos Veadeiros durante uma pesquisa que acontece desde 2011. Entre elas, está o sapo-foguetinho.
Segundo os pesquisadores, além de estar ameaçado de extinção, o sapo é difícil de ser encontrado, uma vez que ele se cala com qualquer tipo de barulho feito na mata.
Sapo-foguetinho, encontrado na região da Chapada dos Veadeiros por pesquisadores, em Goiás — Foto: Pedro Peloso/Instituto Boitata
Cachorro-vinagre
Em setembro foi divulgada a informação de que três animais da espécie cachorro-vinagre foram vistos em uma reserva particular ambiental em Niquelândia, no norte de Goiás. Foi a primeira vez que o animal selvagem e ameaçado de extinção aparece na região.
O registro foi feito em 2022, mas só foi divulgado neste ano após análises das imagens. A reserva é mantida por uma empresa privada de mais de 30 hectares. O animal foi filmado em um dos 25 pontos estratégicos instalados na reserva.
Segundo a reserva, o registro traz esperança para a espécie que, no Cerrado, tem probabilidade de 100% de extinção em 100 anos. O cachorro-vinagre está classificado no livro vermelho da fauna brasileira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) com perigo de extinção no Cerrado. Os biólogos temem que o cachorro-vinagre deixe de existir.
Cachorro-vinagre: conheça animal raríssimo e ameaçado de extinção que foi visto em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
“É uma espécie que se nenhuma medida adicional de conservação no âmbito estadual e nacional for aumentada nos próximos anos a tendência é que ele desapareça da natureza", conta David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.
Especialistas da reserva contam que o cachorro-vinagre é a mais rara dentre outras cinco espécies de cães selvagens que são encontrados no Brasil – lobo-guará, cachorro-do-mato, raposa-do-campo, graxaim-do-campo e cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas.
Pequenino e sociável são as duas características que mais chamam a atenção do cachorro-vinagre. Ele é o menor entre os canídeos brasileiros, mede entre 57 e 75cm de comprimento, possui entre 12 e 15 cm de cauda e pode pesar de 5 a 8 kg.
Gato-palheiro melânico
Em outubro, o gato-palheiro melânico, considerado raro, foi registrado no Parque Nacional das Emas, a 25 km de Chapadão do Céu, no sudoeste goiano. O biólogo e analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Kennedy de Andrade Borges foi quem fez o registro do animal.
"Eu estava a mais de 60 m de distância. Me deitei no chão e fiz um pseudo-tripé com o tronco e braços para conseguir essa imagem", disse Kennedy.
Kennedy conta que o animal é de uma espécie extremamente furtiva, discreto e rápido. Normalmente, caça nos aceiros e estradas em leito natural do parque. Quando percebe algum movimento, embrenha-se rapidamente na vegetação. Por isso, é muito difícil de ser avistado e registrado.
Gato-palheiro melânico, considerado raro, foi visto no Parque Nacional das Emas, em Goiás — Foto: Divulgação/Kennedy de Andrade Borges
A médica veterinária Luana Borboleta disse que o gato-palheiro é um pequeno felídeo não muito maior que um gato doméstico e é encontrado na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A fragmentação do seu habitat tem sido considerada a maior ameaça para a espécie na maior parte de sua área de distribuição.
Tatu-canastra
Também em outro, um tatu-canastra foi visto passeando em uma fazenda em Caiapônia, no oeste de Goiás. O biólogo Edson Abrão afirma que ele é o maior tatu do mundo e lamenta que a espécie esteja ameaçada de extinção.
O tatu-canastra pode chegar a até 1 metro de comprimento. Ele é um mamífero que gosta de climas quentes e úmidos e, por isso, é predominante do Brasil, mas pode ser encontrado em diversas regiões da América Latina.
Abrão explica que o tatu-canastra é onívoro, ou seja, de plantas ou outros animais. “Se alimenta de vegetais, frutas e sementes, além de pequenos insetos anfíbios, répteis, ovos e, até mesmo cadáver”, detalha o biólogo.
O tatu-canastra pode chegar a até 1 metro de comprimento — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
O especialista destaca que ele é um animal importante para a natureza. “Ele é aerosolo, isto é, gosta de cavar buracos para se esconder. Com isso, faz aração do solo, que leva oxigenação e ajuda na decomposição orgânica”, fala.
Além disso, como ele se alimenta de insetos, ajuda na diminuição de aranhas, escorpiões e outros insetos peçonhentos. “Ele é muito importante na cadeia alimentar, desde aqueles que o comem até o que ele come”, enfatiza.
Abrão diz ainda que ele não é um animal que ataca, pois, pelo contrário, tem medo de humanos e, geralmente, tenta fugir e se esconder. “Agora, se você segurar ele, ele pode morder, pois é aquele ditado: a melhor defesa é o ataque”, alerta.
Tapiti
Em dezembro, um grupo de pesquisadores registrou um tapiti, o coelho-brasileiro, no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas. Essa foi a primeira vez que o animal foi registrado desde o início do Projeto Bandeiras no Corredor.
Segundo os pesquisadores do projeto, o tapiti é a menor das espécies de coelho conhecidas e a única totalmente brasileira. Também é uma espécie com poucos dados, por isso, qualquer registro dela é importante.
As imagens são consideradas raras pois o coelho-brasileiro é um bicho de hábitos noturnos.
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