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Publicada em 20/08/24 às 06:36h - 8 visualizações
Novas provas de que o álcool é o vilão da história
Pesquisas sobre os benefícios de beber moderadamente para a saúde cardiovascular vêm sendo questionadas, ou seja, quanto menos, melhor.

Confiança Web TV e Rádio

 (Foto: Confiança Web TV e Rádio)

Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

 

Há pelo menos três décadas o álcool já é conhecido como uma substância relacionada ao surgimento de diversos tipos de câncer, e as evidências contra ele só se avolumam. Separei as três mais recentes para compartilhar. Vamos à primeira: estudo da Sociedade Americana do Câncer (ACS, em inglês), divulgado mês passado, trouxe números ainda mais assustadores: nos EUA, estima-se que 40% de todos os casos da doença em pessoas acima dos 30 anos estão associados a fatores de risco modificáveis, como fumo, álcool, sedentarismo, consumo de carne processada e obesidade. O cigarro está no topo dos “agentes do mal”, seguido pelo excesso de peso, enquanto a bebida ocupa o terceiro lugar.

Sete tipos de câncer são diretamente vinculados à ingestão de bebida: de boca, laringe, laringe, esôfago, fígado, colorretal e de mama — Foto: Mariza Tavares

Sete tipos de câncer são diretamente vinculados à ingestão de bebida: de boca, laringe, laringe, esôfago, fígado, colorretal e de mama — Foto: Mariza Tavares

No Brasil, são 90 mil mortes por ano ligadas ao álcool; no mundo, a Organização Mundial da Saúde estima 2.6 milhões de mortes anuais. Sete tipos de câncer são diretamente vinculados à ingestão de bebida: boca, laringe, laringe, esôfago, fígado, mama e colorretal. Além disso, há evidências consistentes que o relacionam ao surgimento de câncer no pâncreas. “O risco está associado ao álcool, não importa o tipo de drinque. É claro que, quanto maior o consumo, pior, mas quantidades pequenas também trazem riscos”, afirmou Farhad Islami, autor principal do trabalho.

A segunda: na semana passada, outra pesquisa mostrava sua ameaça para a longevidade. O estudo, publicado na “JAMA Network Open”, utilizou dados do UK Biobank, que acompanha 500 mil pessoas do Reino Unido. Foram selecionados 135 mil indivíduos acima dos 60 anos que bebiam e os considerados de alto risco, com base no seu consumo diário, apresentavam a maior taxa de câncer e mortalidade cardiovascular.

Em média, os homens desse grupo ingeriam mais de 40 gramas de álcool – para se ter uma ideia, uma dose padrão corresponde a 14 gramas de etanol puro (o equivalente a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho, ou 45 ml de destilado); e as mulheres, 20 gramas. Mesmo os que optavam pela moderação tinham índices mais altos de mortalidade que o resto da população, principalmente quando lidavam com questões de saúde ou um ambiente socioeconômico desfavorável.

Trabalhos sobre os benefícios de beber moderadamente para a saúde cardiovascular vêm sendo questionados, ou seja, quanto menos, melhor. Não seria o caso de, como nos maços de cigarro, haver um aviso sobre os danos que pode causar? A Irlanda saiu na frente e aprovou uma lei neste sentido, que entrará em vigor em maio de 2026.

Para fechar, a terceira: a Sociedade Americana do Câncer divulgou projeção dos casos da doença entre homens acima dos 65 anos até 2050. Haverá um aumento de 84% no número de casos (de 10.3 milhões para 19 milhões) e de 93% nas mortes: de 5.4 milhões para 10.5 milhões, com o agravante de que as disparidades socioeconômicas só aumentarão as diferenças entre os pacientes. Eles enfrentam maior incidência da enfermidade (e mortes em sua decorrência) do que as mulheres por uma série de razões: além do uso de substâncias como fumo e álcool, não se submetem a check-ups que possam detectar a enfermidade no começo e têm ocupações com mais chance de exposição a agentes tóxicos.

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