Os visitantes que chegavam ao Maracanã nesta sexta-feira para realizar o passeio turístico pelo estádio se espantavam. O gramado não existe mais, foi todo retirado na última semana, e agora dá lugar a um "mar de areia". A intervenção faz parte do projeto de implantação de grama híbrida (natural + sintética), que chegou à terceira fase: o processo de nivelamento do solo.
Troca de gramado do Maracanã — Foto: André Durão - ge
Ao longo de 2021, o gramado do Maracanã recebeu muitas críticas por não oferecer boas condições de jogo. A grama soltava ao longo das partidas e ficavam muitos buracos no campo, o que dificultava a vida dos jogadores. De acordo com a administração do estádio, o problema se dava por duas razões: o excesso de jogos - ao todo foram 70 somente em 2021 - e a falta de incidência de luz em parte do campo por boa parte do ano. A expectativa é que o novo piso resolva o problema.
- Chegou-se à conclusão de que o gramado híbrido seria o mais indicado aqui para o Maracanã. Na Europa, a maioria dos estados utiliza esse sistema. A gente fez 70 jogos esse ano, se você buscar também nos últimos anos, principalmente 2019, a gente fez uma bateria de jogos. Então, a gente quis buscar a melhor tecnologia, a tecnologia mais atual, que se adapta ao Maracanã, é essa do gramado híbrido - explicou o gerente do estádio, Severiano Braga.
Troca de gramado do Maracanã — Foto: André Durão - ge
O trabalho no estádio começou imediatamente após o fim do Campeonato Brasileiro. Todo o gramado e detritos que estavam sob ele foram retirados. Em seguida, tratores jogaram areia sobre o campo. Então foi uma utilizada uma moto niveladora para aplainar o piso. A finalização desta parte do processo foi feita com um aparelho que realiza nivelamento a laser.
Na semana que vem, já está previsto o início de uma nova fase: o plantio. Antes, a grama do Maracanã era cultivada em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, levada em rolos para o estádio e colocada sobre uma base de argila. Agora, mudas serão plantadas no campo sobre uma base de areia, que permite maior contato com o solo. Assim que o gramado brotar, serão implantadas as fibras de polietileno. O material sintético vai corresponder a 10% do gramado, e os outros 90% serão naturais.
Troca de gramado do Maracanã — Foto: André Durão - ge
- A gente coloca uma máquina grande, ela tem o tamanho de um contêiner. Dentro dessa máquina temos carretéis, que passam por agulhas. A fibra passa por essa agulha, e você vai costurando. A cada dois centímetros você coloca uma fibra - detalhou Braga.
Após a "costura" do gramado sintético ao natural, serão feitos os últimos reparos para que o campo possa estar apto a receber jogos a partir da segunda quinzena de março. Segundo Braga, os jogadores não devem sentir diferença entre atuar em um estádio de grama natural e no novo gramado do Maracanã.
Troca do gramado do Maracanã — Foto: André Durão - ge
- É o mais próximo possível de uma grama natural. Lógico que os jogadores têm uma sensibilidade, mas não vão sentir diferença. Vai ter um fio que é artificial, mas o restante é natural. De jogabilidade é o melhor gramado. É uma coisa para muitos anos, muito longevo. Para dar tranquilidade para os clubes que jogam aqui, a gente vai fazer isso.
A mudança é feita ao mesmo tempo que ocorre o processo de licitação do estádio junto ao Governo do Estado do Rio. A expectativa é que nos próximos anos o ritmo de jogos continue intenso. Isso porque o edital prevê que o ganhador da concessão viabilize a realização de, no mínimo, 70 jogos por ano. Atuais gestores do Maracanã, Flamengo e Fluminense desejam continuar na administração, e o Vasco e algumas empresas também demonstraram interesse. Diante desse cenário, o sucesso da transição de gramado será fundamental para quem estiver à frente do Maracanã no futuro.