RIO — Vestidos de branco em sua maioria, cariocas e turistas receberam 2022 na Praia de Copacabana com um show de fogos. O público, que era pequeno no início da noite, aumentou com o passar das horas. A chuva, insistente durante toda a noite, também ajudou, e minutos antes da virada, deu uma trégua em Copacabana. O tema "Celebre a esperança" teve como destaques fogos em formato de coração e em cascata. Chamaram a atenção também navios de cruzeiros ancorados entre o Leme e Copacabana, trazendo viajantes para acompanhar o show pirotécnico do mar.
A queima de fogos em Copacabana emocionou o público. Em um espetáculo de cores, brilho e diferentes formatos, como cascatas e corações em 3D, o show da virada chamou atenção principalmente das crianças.
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Fascinada com o brilho no céu
Moradora de Copacabana, a comerciária Anália Rabino desceu com os filhos para a praia faltando poucos minutos para a virada. A caçula Nicole, de 11 anos, ficou fascinada com a queima de fogos.
— Depois de tanto tempo fechados, ter essa liberdade é para se empolgar. As crianças amaram. A gente ficou na dúvida se descia ou não. Não sabíamos se ia encher muito, mas a rua estava tranquila. Estávamos de pijama, colocamos uma roupa branca e descemos — contou Anália.
Esperança de dias melhores
O casal Denilson Ramos e Karina Ribeiro veio de Campinas, em São Paulo, para curtir a virada do ano no Rio. Após Karina perder a prima mais nova, vítima de Covid-19, o casal deu a volta por cima e está esperando um bebê. Denilson também conseguiu mudar para um emprego melhor.
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— Muitas pessoas perderam seus entes queridos, e não foi diferente na nossa família. Mas, Deus nos abençoou este ano com o Gael, que está de seis meses. E, em plena pandemia, consegui me reerguer e mudar para um emprego melhor, o que é muito difícil. No fim das contas, não temos do que reclamar. Ano que vem promete ser melhor ainda — prevê o programador, otimista.
Se 2021 foi um ano difícil para a maioria dos brasileiros, para o casal Darlan Santos e Thaís de Sousa foi só amor: começaram a namorar em abril e já aproveitaram para fazer sua primeira viagem de fim de ano juntos, vindo de Belo Horizonte para curtir o réveillon em Copa. A enfermeira e o vendedor, que voltam para Minas na segunda-feira, elogiaram a organização do evento.
— Está tudo bem organizado e tranquilo. Eu esperava que estivesse mais cheio, então eu estou gostando. Espero que, em 2022, essa pandemia passe logo, além de felicidade, saúde e prosperidade para todos — torce Thaís. Darlan completou:
— Apesar de todos os problemas, tivemos um ano bom. Até porque foi em 2021 que nos conhecemos. Agora, espero que nesse ano que começa daqui a pouco, consigamos caminhar melhor economicamente e tenhamos vacina para afastar a Covid-19 definitivamente.
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Moradora do interior de São Paulo, a professora Sabrina Caldas escolheu com seu marido passar a virada de ano em Copacabana para celebrar o nascimento do filho Pedro, de nove meses. No mês que vem, ela lança um livro para contar as dificuldades que passou na gestação, quando contraiu Covid-19 no quarto mês, e no parto do bebê, que teve complicações.
— Engravidei no ano passado e, com quatro meses, descobri que estava com Covid-19. Foi bem angustiante, mas passamos bem, graças a Deus. Ele nasceu em fevereiro e tive complicações no parto, mas agora estamos muito bem. Acredito que Deus sabe de todas as coisas, pois estávamos tentando engravidar há 8 anos e em um ano difícil foi o nosso presente. Já conhecia o Rio, mas era meu sonho passar a virada do ano aqui e decidimos vir esse ano porque temos muito o que comemorar. Estou achando bem tranquilo, só a chuva está complicando um pouco — disse.
Vacinados contra a Covid-19, o belga Baptiste Malta e a peruana Mar Rodríguez vieram para o Brasil pela primeira vez neste fim de ano. Eles se conheceram numa excursão que o europeu vem fazendo pela América do Sul desde o início de novembro. Hoje, namoram.
— Resolvi passear pela América do Sul porque a pandemia acalmou um pouco. Conheci a Mar no Peru e começamos a namorar. Passamos o Natal no Paraguai e decidimos vir curtir o Ano Novo no Rio por ser uma cidade conhecida no mundo inteiro por ser magnífica. Estamos curtindo muito — disse o belga, em "portunhol".
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A noite de réveillon em Copacabana começou bem mais tranquila do que em anos anteriores à pandemia. No calçadão, a movimentação era pequena no começo da noite, sem a típica aglomeração da noite de virada. Pela orla, os quiosques que farão festa iniciaram os eventos de forma tímida, com poucos convidados, e famílias caminhavam tranquilamente pela orla.
Moradora de São Paulo, a gerente de marketing Cyntia Pietrobon escolheu o Leme para passar a virada de ano com a família. Hospedados no hotel Windsor, ela foi caminhar no calçadão no início da noite com a filha de 11 anos e disse que a tranquilidade da orla se reflete na sua hospedagem.
— Estou achando o movimento bem tranquilo. Até no hotel estão com metade da capacidade. É uma nova maneira de lidar com eventos. É a primeira vez que viajamos para outro estado depois da pandemia e para o ano que chega espero que a gente se mantenha com bastante saúde para aproveitar os momentos — disse.
Moradora de Copacabana a advogada Taís Brandão costuma passar todas as viradas na praia e diz que nunca viu o calçadão tão tranquilo em um réveillon, a não ser no ano passado, que a festa foi cancelada. Integrante do bloco Spanta Neném, ela se reuniu na praia com os amigos também instrumentistas para esperar 2022.
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— Nunca vi o Leme tão vazio, nem em dia normal de praia. Acredito que a galera que mora vai descer mais tarde, mas está muito diferente dos outros anos. Temos esse grupo de amigos formados no carnaval que levamos para a vida. Esse ano achamos que o bloco não vai pra rua, mas já estamos tocando em eventos fechados. Mais tarde chegam mais integrantes e quem sabe a gente não busca uns instrumentos em casa para fazer uma folia e animar essa virada — brincou.
Após a queima de fogos, as pessoas começam a voltar devagar para duas casas.na areia, grupos de amigos e famílias ainda se reúnem utilizando a estrutura de barraqueiros, como cadeira e barracas para se abrigar da chuva fina. O advogado Raphael Goettenauer, que veio de Niterói, disse que não tinha hora para ir embora, mesmo sem festa. Ele ficou com amigos na altura do posto 1, no Leme.
— Estou com amigos, está tranquilo. Esse ano não teve show, mas a queima de fogos valeu a pena. Vou esperar mais um tempo para ir embora, porque vai ser difícil voltar de Uber. Estou sem pressa. Esse ano está sendo um réveillon mais tranquilo.
Muito axé
Algumas figuras carimbadas do réveillon do bairro ficaram desde cedo marcando ponto para esperar 2022 chegar, como o pai de santo Sérgio Francisco da Silva.Todo dia 31 de dezembro, há mais de uma década, o morador de Copacabana monta sua banca de jogo de cartas e búzios na esquina da Rua Belford Roxo com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
— A minha maior superação nesse ano turbulento foi atravessá-lo com a minha mãe de 73 anos com saúde, sem pegar Covid, que era o meu maior medo. Saber que estou aqui, colocando minha banca na rua mais uma vez, já é um grande motivo de agradecer a Deus. Estamos vivos. Tem presente melhor? Que 2022 seja um ano de fartura e muito axé — desejou.
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Por volta de 23h, o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale, acompanhado de uma equipe de guardas municipais, monitorava o ponto da orla em frente a Rua Fernando Mendes. Ele avalia que a proposta da prefeitura, de fazer as pessoas assistirem a queima de fogos perto de suas casas, deu certo, evitando aglomerações em Copacabana.
— A organização vem das fiscalizações dos fretados e dos bloqueios feitos nas entradas do bairro. Preventivamente, notificamos alguns quiosques que estavam fazendo cercadinhos e, com a advertência, eles se ajustaram. Também apreendemos grades que estavam sendo montadas para eventos clandestinos, além de mercadorias irregulares. Acabamos de conduzir para a delegacia quatro pessoas com cordões e materias que são, possivelmente, oriundos de furtos — disse o secretário.
Segundo ele, apesar do público menor do que os outros anos, a pasta está trabalhando com um efetivo para receber um réveillon tradicional em Copacabana.
Após a queima de fogos, as pessoas começam a voltar devagar para duas casas. Na areia, grupos de amigos e famílias ainda se reúnem utilizando a estrutura de barraqueiros, como cadeira e barracas para se abrigar da chuva fina.
O advogado Raphael Goettenauer, que veio de Niterói, disse que não tem hora para ir embora, mesmo sem festa. Ele confraterniza com amigos na altura do Posto 1, no Leme.
— Estou com amigos, está tranquilo. Esse ano não teve show, mas a queima de fogos valeu a pena. Vou esperar mais um tempo para ir embora, porque vai ser difícil voltar de Uber. Estou sem pressa. Esse ano está sendo um réveillon mais tranquilo.