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Publicada em 21/02/22 às 19:53h - 8 visualizações
Putin autoriza o envio de militares russos para \'manter a paz\' nas regiões separatistas da Ucrânia
Decisão vem no mesmo dia em que a Rússia reconheceu a independência de Donetsk e Luhansk.

Confiança Web TV e Rádio

 (Foto: Confiança Web TV e Rádio)

Por g1

 


Treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia  — Foto: Vadim Ghirda/AP

Treinamento voltado para civis em Mariupol, na região de Donetsk, Ucrânia — Foto: Vadim Ghirda/AP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou o envio de militares russos para "manter a paz" nas regiões separatistas da Ucrânia em um decreto assinado nesta segunda-feira (21).

O documento, divulgado pela agência estatal RIA, foi assinado no mesmo momento em que Putin oficializava o reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk.

"Após apelo do líder da República Popular de Donetsk, ordeno que o Ministério de Defesa da Federação Russa [...] implemente, com suas Forças Armadas, no território de Donetsk a função de manutenção da paz".

O mesmo decreto foi assinado também para Luhansk.

Com a decisão de Putin, o processo de paz no leste da Ucrânia, onde um conflito entre forças do governo e separatistas apoiados por Moscou já matou pelo menos 15 mil pessoas, poderá ser minado.

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Como começou a disputa naquela região?

Rússia e Ucrânia têm relações ruins desde a chegada ao poder em Kiev, em 2014, dos setores pró-Ocidente, após a revolta da praça Maidan, que foi seguida pela anexação da península ucraniana da Crimeia pelos russos e o conflito com os separatistas no leste, na região conhecida como Donbass, onde ficam Donetsk e Luhansk.

Ucrânia e os ocidentais acusam Moscou de apoiar militarmente os separatistas, algo que a Rússia nega. Moscou chegou a emitir passaportes para centenas de milhares de residentes de Donbass.

Os acordos de paz de Minsk, assinados em fevereiro de 2015, tornaram possível reduzir significativamente os confrontos, mas eles continuam desde então, ainda que em ritmo reduzido. Os acordos preveem a reunificação de ambas as regiões com a Ucrânia, mas com Kiev concedendo ampla autonomia às duas regiões.

Entenda os acordos de Minsk entre russos e ucranianos
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"Kiev não está observando os acordos de Minsk. Nossos cidadãos e compatriotas que vivem em Donbass precisam de nossa ajuda e apoio", escreveu Vyacheslav Volodin, presidente da Câmara dos Deputados da Rússia, nas redes sociais, para justificar o pedido de reconhecimento.

Reconhecer Donetsk e Luhansk é um passo significativo que efetivamente encerraria o processo de paz de Minsk, que está no centro das discussões sobre os temores de uma invasão russa do território ucraniano.

Putin reconhece independência de separatistas

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira (21) pela TV que reconhece duas regiões separatistas da Ucrânia , Luhansk e Donetsk, como independentes, em mais um passo que ajuda a incendiar a crise naquela parte do leste europeu.

Em uma dura mensagem recheada de argumentos históricos, ele alegou que as terras ancestrais do leste ucraniano são russas. Disse ainda que a Ucrânia moderna é uma invenção da União Soviética. "A Ucrânia é parte integrante da nossa história", afirmou.

"Acho necessário tomar uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo - reconhecer imediatamente a independência e a soberania da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk", discursou, antes de assinar dois documentos.

O líder russo afirmou que a Ucrânia não foi capaz de formar um estado sólido desde o fim da URSS e, por isso, depende de países estrangeiros como os EUA. Segundo ele, o governo ucraniano é um regime fantoche dos americanos e está buscando criar armas nucleares.

Putin se queixou de que, quando a URSS se desintegrou, houve a promessa de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pararia de se expandir, mas isso não ocorreu. E que, fazendo parte da Otan, a Ucrânia servirá de base de ataques contra a Rússia. O vizinho vem sendo inundado de armas estrangeiras, alegou.

Rebeldes pró-Rússia comemoram em Donetsk, na Ucrânia, após Putin reconhecer, nesta segunda-feira (21) a independência das regiões separatistas. — Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko

Mais cedo, Putin se reuniu com seu conselho de segurança e disse que a ameaça à Rússia aumentará substancialmente caso a Ucrânia se junte à Otan.

Na semana passada, o Parlamento russo aprovou um pedido para que o presidente reconhecesse as autodeclaradas repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, no leste ucraniano.

Especialistas afirmam que o movimento pode inflamar ainda mais o impasse sobre uma escalada militar russa perto da Ucrânia que tem alimentado temores do Ocidente de que Moscou possa invadir. A Rússia nega qualquer plano de invasão e acusa o Ocidente de histeria.

Reações

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse logo após o anúncio de Putin que conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden. Zelenskiy twittou que também planejava falar com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e que estava iniciando uma reunião de seu conselho de segurança e defesa nacional.

O ministro das Relações Exteriores da Letônia (uma ex-república soviética), Edgars Rinkevics, repudiou a movimentação russa e pediu que a União Europeia imponha "sanções imediatas" ao país.

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, reagiu à declaração de Putin e afirmou que diz que o reconhecimento russo de Luhansk e Donetsk viola a lei internacional, a soberania e a integridade da Ucrânia.

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Para ele "é difícil enxergar como essa situação irá melhorar". O premiê britânico também disse que precisa urgentemente conversar com aliados por todo o mundo.

Ao mesmo tempo, também nesta segunda, militares russos disseram que tropas e guardas de fronteira impediram um grupo de violar a fronteira da Rússia a partir do território da Ucrânia, e que cinco pessoas foram mortas. As informações são de agências de notícias russas.

Ucrânia negou a reportagem das agências de notícias russas, dizendo ser informação falsa, e acrescentou que nenhuma força ucraniana estava presente na região de Rostov, onde o incidente teria ocorrido.

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Violações de cessar-fogo

Houve mais de 1.500 registros de violações de cessar-fogo em 24 horas no leste separatista pró-Rússia da Ucrânia, um recorde até agora neste ano, informou a Monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) no sábado (19).

Da tarde de quinta-feira à noite de sexta-feira, observadores da OSCE registraram 591 violações do cessar-fogo em Donetsk e 975 em Luhansk, os dois enclaves separatistas.

Os combates mais intensos ocorreram no noroeste da região de Luhansk, cerca de 20 quilômetros a sudeste de Severodonetsk, uma localidade leal ao governo de Kiev.

Na semana passada, separatistas de Donetsk, na Ucrânia, removeram civis para a Rússia. O vídeo abaixo mostra as famílias deixando a região.

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