Postos de combustíveis aumentam os preços da gasolina antes do prazo oficial. Isso é ilegal?

A partir de amanhã o preço médio do litro da gasolina da Petrobras para as distribuidoras vai de R$ 3,25 para R$ 3,86, e do diesel de R$ 3,61 para R$ 4,51

Por André Schaun e Marcelo Monegato

 


A partir desta sexta-feira (11), o preço médio do litro da gasolina da Petrobras para as distribuidoras vai aumentar de R$ 3,25 para R$ 3,86, alta de 18,8%, enquanto o diesel vai de R$ 3,61 para R$ 4,51, alta de 24,9%. Mesmo o prazo oficial para o aumento sendo amanhã, motoristas já registraram hoje aumento no preço do litro em alguns postos de combustíveis, inclusive membros da equipe Autoesporte viram o valor subir R$ 0,60 no litro da gasolina.

A questão que fica é: se o aumento vale a partir de amanhã, a prática dos postos de combustíveis de reajustar os preços hoje pode ser considerada ilegal?

Os motoristas correm para encher o tanque antes que o valor aumente (Foto: Diego Padgurschi/Folhapress) — Foto: Auto Esporte
Os motoristas correm para encher o tanque antes que o valor aumente (Foto: Diego Padgurschi/Folhapress) — Foto: Auto Esporte

"Não é ilegal, já que os preço do combustível é uma liberalidade do posto. Mas se o consumidor entender que o aumento é excessivo, visando prejudicar o consumidor, ele pode acionar o Procon da sua cidade para reclamar do posto e o órgão poderá averiguar se essa é uma prática abusiva", disse à Autoesporte o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

O Procon-SP recebeu denúncias de aumento nos preços e, por meio de Fernando Capez, diretor executivo, decidiu emitir a seguinte nota. "Diante das notícias de que alguns postos de combustível estão aumentando os preços na data de hoje (10/3), ou seja, antes da entrada em vigor do reajuste divulgado pela Petrobras, o Procon-SP orienta os consumidores a denunciarem a prática".

"A Petrobras anunciou hoje um aumento nos preços da gasolina e do diesel que passará a valer a partir de amanhã, dia 11. Os postos de combustível que estão reajustando os produtos hoje estão incorrendo em prática abusiva, ilegal e especulativa", conclui a nota.

Hugo Simões Tararan Goes, leitor da Autoesporte que mora em São Paulo, sentiu na pele esse aumento abusivo hoje. Ele abasteceu seu carro na terça-feira (8), quando o litro da gasolina estava R$ 5,80, e hoje o valor saltou para R$ 6,79 no mesmo posto.

Litro da gasolina a R$ 6,79 em posto na região do Taboão da Serra, em São Paulo  — Foto: Arquivo pessoal
Litro da gasolina a R$ 6,79 em posto na região do Taboão da Serra, em São Paulo — Foto: Arquivo pessoal

"Eu vou denunciar o posto para o Procon. Nós pagamos nossos impostos todos certinhos e eu entendo que o preço vai subir, isso ai vale para todo mundo. Mas desse jeito não é o certo, a medida começa a valer amanhã e o preço que está hoje é um absurdo", relata.

Autoesporte entrou em contato com um advogado especialista em direito do consumidor para orientar as pessoas que passam por essa situação.

Os valores que serão praticados nas bombas ainda estão indefinidos, até porque varia de acordo com o ICMS e impostos federais — Foto: Agência Brasil/EBC

“Se acontecer o aumento súbito logo após o anúncio da Petrobrás estará caracterizada a prática abusiva comercial o que não é permitido pelo Código de Defesa do Consumidor. ”, diz o advogado paulista Moacyr Lopes Junior.

Para o especialista o avanço antecipado ao bolso do consumidor é um acinte à boa fé esperada pelo mercado. "É óbvio que a guerra entre Rússia e Ucrânia, e a alta do barril são fatores que anteciparam este super aumento anunciado, entretanto, o lesado por antecipação não pode ser o motorista, o passageiro, e o consumidor em geral”.

Podemos dizer que a prática não é necessariamente ilegal, mas pode ser considerada abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor, no artigo 39, determina o que pode ser considerado prática abusiva. Entre eles está:

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

Portanto, o consumidor que perceber o aumento muito alto nos preços pode comunicar o flagrante ao Proncon ou a alguma delegacia de polícia para que se constate o flagrante. Vale lembrar que os valores que serão praticados nas bombas ainda estão indefinidos, até porque varia de acordo com o ICMS, imposto estadual, e os impostos federais PIS/COFINS e CIDE.

Para saber como faz a denúncia pelo Procon, basta clicar aqui.

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