São Paulo, Brasil
Bastou seu nome ser anunciado no Maracanã.
E houve muita vaias.
As quase 70 mil pessoas que foram torcer para o Brasil não o perdoaram.
Não quiseram saber se era a última vez que ele comandava a seleção em território nacional.
Quando o jogo começou, os torcedores se esqueceram de Tite.
Divertiram-se com o jogo previsível.
Com a fácil goleada, por 4 a 0, contra a desgastada geração chilena, que viveu seu auge há sete e cinco anos, com as conquistas da Copa América, e que tem remotíssimas chances de ir para o Mundial.
Tite entrou no vestiário entusiasmado.
Foi o penúltimo jogo das Eliminatórias para a Copa do Catar do Brasil, já classificado. O último será em La Paz, na Bolívia, na terça-feira.
O técnico não escondia sua emoção com o primeiro "adeus" à seleção, depois de seis anos.
Questionado sobre o que representava seu último jogo como técnico do Brasil no Maracanã, ele não quis se expor.
"Tem muitos significados, muitas situações..."
"São muitos, e são muito particulares."
Tite queria desfrutar a goleada, os aplausos que seu time recebeu, mesmo que ele tenha caído no descrédito depois dos fracassos na Copa do Mundo de 2018 e na Copa América de 2021, perdida em pleno Maracanã.
A sua defesa está nos números.
São 71 jogos, 52 vitórias, 14 empates e cinco derrotas.
147 gols a favor e 25 gols sofridos.
Mas um dado pouco explorado é que, desses 71 jogos com a seleção, Tite enfrentou nada menos do que 48 partidas contra times sul-americanos.
Neymar se aproveitou do nível baixo dos adversários e marcou 25 gols nesse período de Tite. Lembrando que ele é o cobrador oficial de pênaltis e faltas da equipe.
O treinador quis levar sua entrevista para o lado emocional.
Estava orgulhoso pela vitória diante dos praticamente eliminados chilenos.
"Dois aspectos têm me balançado: os atletas, com a personalidade e a confiança de virem na seleção e repetirem níveis de atuação em seus clubes, isso é difícil pela expectativa de vestir a camisa da seleção. Eles com naturalidade."
"Mais o trabalho para a gente, de alguma forma, poder organizar e explorar o que o adversário possa ter de fragilidades", dizia, buscando valorizar o próprio trabalho.
Tite só conseguiu atingir a disputa de duas Copas seguidas por causa de Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF por assédio sexual e moral.
Caboclo adorava o respeito à hierarquia de Tite, que aceitou inúmeros amistosos com seleções que nada acrescentaram.
Assim como enfrentou clubes brasileiros, desfalcando equipes em jogos importantes para deixar os atletas no banco.
E protegeu Neymar como nenhum outro técnico da seleção.
Nas duas fracas Eliminatórias que disputou, foram 28 jogos, 23 vitórias e cinco empates.
Depois da partida contra a Bolívia, a programação da CBF prevê três a quatro amistosos antes da Copa do Mundo. Todos eles fora do Brasil. Provavelmente na Ásia e na Europa.
Boatos, nascidos na CBF, dão conta de que há o interesse do Arsenal depois da Copa do Mundo.
O que é estranho, já que o clube inglês está indo muito bem sob o comando do espanhol Mikel Arteta.
Há o claro objetivo de valorizar Tite.
Dar o contragolpe nos treinadores estrangeiros que invadiram o Brasil.
De real para o treinador, até agora, só a classificação fácil da seleção.
E as vaias no Maracanã...
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