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Publicada em 04/11/22 às 16:44h - 15 visualizações
Mudança de regra no recuo completa 30 anos: veja a história de uma revolução no futebol
Mudança de regra no recuo completa 30 anos: veja a história de uma revolução no futebol

Confiança Web TV e Rádio

 (Foto: Confiança Web TV e Rádio)

Por Amanda Kestelman, Carlos Eduardo Mansur e Richard Souza — Rio de Janeiro

 


Itália, 1990. A média de 2,21 gols por partida, pior marca da história das Copas do Mundo, ligou o alerta. O futebol era cada vez mais conservador, permissivo com o antijogo. Perdia-se tempo demais, e os jogos desinteressantes eram frequentes.

A preocupação já chegara aos corredores da Fifa quando um treinador suíço, então no comando do Caen, da França, decidiu escrever uma carta para a entidade. Nela, Daniel Jeandupeux gerava o embrião da regra que, em 2022, completou 30 anos: desde 1992, um goleiro não pode mais pegar com as mãos uma bola passada com os pés por um companheiro de time.

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Regra que proíbe pegar recuo com a mão completa 30 anos

O que era uma tentativa apenas de reduzir a cera tornou-se a maior revolução do futebol desde a mudança da lei do impedimento em 1924. Na ocasião, deixava de estar impedido um atacante que tivesse apenas dois, e não mais três adversários entre ele e a linha de fundo.

O jogo mudou tanto que é inconcebível pensar que o futebol já permitiu o recuo para o goleiro. A regra deu origem a uma sucessão de transformações que nenhum idealizador, inclusive Jeandupeux, imaginara: a completa reforma do currículo dos goleiros, a ampliação da pressão ofensiva, as saídas de bola, a transformação de toda a área do campo num espaço útil para o jogo, sem zonas mortas... E, claro, o fim de uma das formas de antijogo.

A proposta

Jeandupeux não propôs à Fifa uma regra exatamente como a atual. Seu texto falava em dar três segundos para que o goleiro soltasse a bola caso decidisse pegar com as mãos após um recuo. Caso o fizesse após estes três segundos, não poderia voltar a segurá-la. Mas o conceito permaneceu.

Na carta, o suíço afirmava que François Lemasson, o goleiro do time que ele dirigia, era “um campeão de gastar o tempo”. O levantamento de Jeandupeux indicava que, numa partida da liga francesa, Lemasson ficou com a bola o equivalente a 42% do tempo total de posse de sua equipe. O percentual chegaria a 46% em partidas nas quais o Caen tinha vantagem e baixava a 27% quando o time estava perdendo.

- O jogo estava muito monótono. Você pressionava, o zagueiro dava a bola para o goleiro e ele pegava com a mão. Lembro de um Brasil x Costa Rica na Copa de 1990 enfadonho ao extremo. O jogo não fluía, era um recurso usado descaradamente. A mudança foi a grande revolução após a lei do impedimento. Virou outro futebol – diz Carlos Alberto Parreira, membro do grupo de estudos técnicos da Fifa que recebeu a sugestão de Jeandupeux.

Dinamarca comemora título da Euro de 1992: final teve muito antijogo e um minuto de acréscimo — Foto: Reprodução

Dinamarca comemora título da Euro de 1992: final teve muito antijogo e um minuto de acréscimo — Foto: Reprodução

Último grande torneio disputado sob as regras antigas, a Eurocopa de 1992 justificou a mudança. Na decisão contra a Alemanha, Peter Schmeichel, goleiro da Dinamarca, recebeu a bola de seus defensores 29 vezes e ficou com ela em seu poder por 5 minutos e 8 segundos. O jogo teve um minuto de acréscimos em cada tempo.

- O árbitro não tinha como punir - lembra Claudio Cerdeira, ex-árbitro que atuava à época da mudança.

A final da Copa de 1990 teve pouco mais de 80 minutos de antijogo argentino contra a Alemanha. Quando Brehme cobrou o pênalti e abriu o placar, o recurso mudou de lado. Os últimos minutos foram marcados pela condução de bola dos defensores alemães até as proximidades do centro do campo quando, à primeira tentativa de desarme da Argentina, executavam um passe longo de volta para o goleiro Illgner.

Os pioneiros

A Fifa decidiu testar a nova regra na primeira edição de uma Copa do Mundo sub-17, em 1991, na Itália. A seleção brasileira, então comandada por Julio César Leal, chegou ao torneio como quem mergulha num mundo novo.

- A gente trabalhou na Granja Comary em cima de “a bola vem daquele lado, volta para aquele lado” – conta Fábio Noronha, goleiro daquela seleção. – O primeiro pedido era “não atrasa para mim”. Mas, se em último caso eles atrasavam, era visualizar o lugar mais longe e atravessar essa bola. Hoje, só se faz isso se não tiver uma linha de passe.

Apesar da insegurança criada em jogadores que estavam sendo formados sob outros paradigmas, o grupo de estudos da Fifa considerou a experiência um sucesso.

“O experimento foi aceito por quase todos os participantes. Somente em poucas ocasiões um goleiro ignorou ou esqueceu da regra, que contribuiu muito para um jogo mais fluido e com menos perda de tempo graças à rápida devolução da bola pelos goleiros”, dizia um trecho do relatório técnico do torneio.

Guardiola era jogador nas Olimpíadas de 1992, primeiro torneio relevante da nova regra — Foto: Getty Images

A regra foi aprovada e, entre julho e agosto de 1992, aconteceria o primeiro torneio de relevância mundial jogado sob a restrição do uso das mãos pelos goleiros: o futebol dos Jogos Olímpicos. A medalha de ouro ficou com a Espanha, que tinha entre seus jogadores um certo Pep Guardiola. Não é preciso dizer o que este homem acrescentaria ao jogo ao dirigir times com saídas de bola elaboradas e goleiros exigidos com os pés.

- Tinha coisas (antes da regra) que beiravam o ridículo. Para segurar o jogo, eu pegava a bola, jogava no peito do zagueiro e segurava de novo. Era um facilitador, um antijogo que usávamos muito – conta o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, que viveu a transição já numa etapa avançada da carreira.

- Para o goleiro, a regra anterior é melhor. Eu ganhava muito tempo quando estávamos na frente – admite Emerson Leão, ex-goleiro e treinador.

Gilmar Rinaldi lembra que havia situações ridículas antes da mudança — Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press

Os primeiros meses impuseram uma mudança de hábitos.

– Já era um comportamento automático. Quando apertava, o zagueiro recuava para o goleiro. Então eu gritava “não dá, não dá” ou “tira, tira”. E, se acontecia um recuo, a gente dava um chutão para frente e seja o que Deus quiser. Se a defesa jogava adiantada, eu encerrava um contra-ataque do adversário dando um chute para cima. Isso de fintar, driblar atacante, não tinha. Nem tinha coragem para isso. A gente não tinha a preocupação de começar o jogo – diz Gilmar.

O Brasil foi o primeiro campeão mundial após a mudança. No entanto, o Mundial de 1994 ainda não seria marcado por goleiros trocando passes e participando da construção ofensiva.

– Essas coisas demoram um tempo para que sejam absorvidas. Os goleiros não tinham a mesma habilidade - conta Parreira, que dirigiria também a seleção na Copa de 2006. – Mudou muito o treinamento (entre as Copas). Em 1970, eu, Chirol (Admildo Chirol, preparador físico) e Zagallo treinávamos os goleiros. Não havia a função específica (de treinador de goleiros). Em 1974, um dia a Seleção ia para um treinamento e estávamos combinando o trabalho. Os zagueiros ficariam comigo e (Cláudio) Coutinho, os atacantes com Zagallo e Chirol, e o (Raul) Carlesso disse que ficaria com os goleiros. Ele gostou e se especializou.

A resistência

A percepção de que o jogo melhorava não foi imediata. Um registro publicado recentemente pelo site “The Athletic” mostra a reação do comentarista e ex-jogador Andy Gray, numa transmissão da Sky Sports, ao ver o goleiro do Leeds United atirar uma bola na direção da arquibancada.

– Isto fará o jogo melhor de alguma forma? – perguntou Gray.

De fato, a primeira estatística impactada pela mudança foi o número de arremessos laterais. Alguns jogos da primeira temporada tiveram quase 60 arremessos. Em 2018-2019, a média foi de 42.

No primeiro Campeonato Brasileiro sob a nova lei, em 1993, Zetti recebeu uma bola recuada por um defensor do São Paulo e tentou driblar Wagner, do Internacional. Perdeu a bola, e o colorado fez o gol.

– Olha aí a brincadeira! – reagiu ninguém menos do que Roberto Rivellino, então comentarista da TV Bandeirantes.

Um novo jogo

Se a mudança pretendia apenas evitar o antijogo, o que se viu foi um efeito dominó. Tornou-se muito mais rara a sensação de uma zona morta do campo, onde defensores jogavam sem que fossem pressionados. Afinal, a probabilidade de sucesso da pressão ofensiva cresceu.

– Antigamente também pressionavam, mas ficou mais fácil, entre aspas, colocar seu time para frente, já que o goleiro não pode ficar pegando a bola indefinidamente com a mão – diz Fernando Diniz, técnico do Fluminense.

Aliás, é difícil pensar no estilo das equipes de Diniz e não estabelecer uma relação com a mudança na lei. Se a pressão ofensiva aumentou, por outro lado treinadores com mais coragem criaram modelos de saída de bola para enfrentar este tipo de marcação. O que, usualmente, exige mais técnica e treino de goleiros e zagueiros.

– A regra deu mais velocidade ao jogo, mais dinâmica na elaboração inicial. Foi acertada para a evolução do futebol – diz o técnico Jorge Sampaoli.

Sampaoli diz que nova regra deu mais dinâmica ao jogo — Foto: Reuters

É claro que em paralelo à alteração da regra, as disparidades econômicas do jogo se ampliaram. O cenário criou um contexto mais favorável a times mais técnicos.

– Quanto mais tempo a bola estiver no campo, mais beneficia os times com mais qualidade individual e inteligência tática. O jogo teve um acréscimo de qualidade – afirma Diniz

De certo modo, o "novo futebol" parece um jogo adaptado a um mundo também modificado.

– O jogo melhorou, era lento em muitos momentos, sem dinâmica. E o mundo hoje é acelerado, a vida é assim. O jogo de antigamente seria impensável hoje. Um jogo lento do zagueiro para o goleiro não seria admitido - avalia Parreira.

O goleiro moderno

Não houve posição mais afetada pela revolução do que a de goleiro. No início, atletas jamais treinados para isso precisavam apenas chutar a bola para longe. Aos poucos, o envolvimento deles goleiros no jogo foi abrindo novas possibilidades.

– Há muitos treinadores que não usam o goleiro para a construção. É legítimo. Mas eu acho fundamental ter mais um jogador que participa de todas as fases do jogo. O Fábio (do Fluminense) joga com uma complexidade cada vez maior. O Cássio (do Corinthians) é um trabalho belíssimo. Goleiros que não eram vistos com essa capacidade e hoje trabalham em passe curto, médio ou longo – afirma Diniz.

Fernando Diniz considera fundamental usar o goleiro na construção — Foto: Maílson Santana/Fluminense

Há pouco tempo, era comum ver, antes dos treinos, um técnico reunido com seus dez jogadores de linha. Enquanto isso, o goleiro trabalhava como um elemento apartado dos demais. Hoje, precisa entender todo o modelo de jogo.

– Aumentou a complexidade. Em times que jogam com linhas avançadas, o goleiro é uma sobra dos zagueiros. Com a bola, é um homem a mais na linha, pode atrair o adversário e permitir um passe mais longo... – emenda o técnico do Fluminense. – Não estamos nem no meio do processo. Tem muitas possibilidades a explorar.

As novas exigências, aliás, acompanham os goleiros desde a formação.

– Hoje, a gente tenta replicar situações de jogo: uma bola atrasada com atacantes vindo pressionar, um passe entre as linhas para achar o volante, uma bola em diagonal para o ponta... – conta Fábio Noronha, hoje treinador de goleiros do sub-17 do Botafogo.

No entanto, como toda mudança, há correntes que preferem limites mais bem demarcados.

– Há um exagero com o qual não concordo. Não consigo entender como alguém começa a trocar passes dentro da sua área, onde qualquer vacilo fará alguém roubar a bola. Estão abusando um pouco, embora alguns goleiros hoje tenham muita habilidade – diz Gilmar Rinaldi.

– Já vi (exageros) e fiquei abismado: os dois zagueiros dentro da pequena área, com marcação... No meu time não aconteceria. Esse risco eu não correria. Tem que sair jogando com segurança, criar espaços – diz Parreira.




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