Um roteiro repetido, com personagem principal desfilando talento e o Brasil eliminado da Copa do Mundo. Luka Modric vestiu o mesmo traje de maestro de Zinedine Zidane em 2006, ditou o ritmo das quartas de final, abriu caminho para o brilho de seus companheiros e mandou para casa a seleção pentacampeã.
+ Técnico croata dispara: "Eu disse para nunca nos subestimar. Meus jogadores não são normais"
+ Filho de Perisic, da Croácia, consola Neymar após eliminação do Brasil
Modric e Neymar dividiram o protagonismo em duelo de quartas de final — Foto: Pedro Martins
O camisa 10 da Croácia, tal qual o da França 16 anos atrás, assumiu o protagonismo do jogo sem fazer estardalhaço, sem lances de efeito ou ações decisivas na fase aguda do campo. Modric fez da inteligência o caminho para que sua equipe dividisse a posse de bola com o Brasil e quebrasse o ritmo de uma Seleção que teve extrema dificuldade em pressionar sem a bola.
Com 45% de posse para cada lado e 10% de bolas em disputa, de acordo com estatística da Fifa, a Croácia pode até nem ter criado tanto perigo assim ao gol de Alisson no decorrer do jogo e da prorrogação, mas fez o suficiente para tirar o time de Tite da zona de conforto. E a estratégia parecia ser "simples": apertou? Bola no Modric.
Modric contra o Brasil
- 130 minutos jogados
- 105 passes certos
- 3 desarmes
- 5 faltas sofridas
- 3 faltas cometidas
- 1 pênalti convertido
Fonte: Fifa
Modric consola Antony após vitória da Croácia contra o Brasil — Foto: Jewel SAMAD / AFP
O recital do meia do Real Madrid passou pela facilidade de se posicionar com espaços que o permitissem sempre ver o jogo de frente. Quando o Brasil dava campo, se posicionava na linha de meio-campistas para dialogar com os homens de ataque. Se o Brasil subisse a marcação, Modric recuava e, em alguns momentos, ficava atrás até mesmo da linha dos zagueiros para fazer o jogo girar sem que a Croácia perdesse a posse.
E o índice de aproveitamento nas ações com a bola foi absurdo. Modric teve de 91% de acerto nos passes (105 em 115), foi preciso em seis de oito tentativas de bolas longas e ainda foi eficiente na fase defensiva. Ao todo, foram sete bolas recuperadas e três desarmes.
Incansável, Modric sofreu cinco faltas e ajudou a Croácia a renascer na Copa do Mundo justamente no lance em que Casemiro abriu mão da infração no campo ofensivo. De uma disputa entre os ex-companheiros de Real teve início o contra-ataque que terminou com o gol de empate de Petkovic.
Nos pênaltis, que levaram a Croácia à semifinal contra a Argentina, o veterano de 37 anos ainda teve perna para deslocar Alisson com categoria e cumprir seu ato final em mais uma eliminação no Brasil. A carrasco da vez se vestiu de maestro. E não foi a primeira vez.