Danielle Oliveira
Um grupo de mais de 150 turistas de Minas Gerais denunciou ter caído em um golpe após comprar pacotes de viagens e, ao chegar em Caldas Novas, no sul de Goiás, descobrir que não tinha hospedagem reservada. O autônomo Cristiano de Arruda Ramos contou que teve que alugar hotel por conta própria para conseguir se hospedar com a família. Outros turistas contrataram um ônibus para voltar para casa. O caso foi registrado na Polícia Civil.
“Quando a gente chegou, já tinha mais de 17 horas de viagem, com crianças pequenas, idosos, e a dona da agência falou que não tinha local para hospedar a gente e que a gente ia ter que se virar por conta própria”, disse.
“A gente fez o que pôde, meteu o cartão de crédito para poder passar a noite com as crianças. Muita gente teve que dormir dentro dos ônibus, uma situação muito complicada, crianças chorando, muito desagradável”, desabafou o turista.
À TV Anhanguera, a dona da agência JS turismo e viagens, que é de Minas Gerais, Jociele Rosa da Silva, disse que tinha pago uma primeira parte do valor ao hotel, mas que alguns turistas não pagaram os valores dos pacotes integralmente e, por isso, não conseguiu pagar o restante do valor da hospedagem.
Os turistas chegaram à Caldas Novas na noite desta quinta-feira (5). Cristiano contou que alguns deles vieram de Betim, outros de Belo Horizonte e de Contagem, em Minas Gerais, para passar férias na cidade das águas quentes.
Conforme um folder de divulgação da agência de turismo, os pacotes incluíam, além do transporte, hospedagem, café da manhã, almoço, jantar, além de alguns passeios por atrações turísticas da cidade das águas quentes. Na divulgação, os valores eram: R$ 999 por adulto; R$ 2,3 por casal; e R$ 490 para criança de 6 a 10 anos (veja abaixo).
Cristiano falou que tinha muita vontade de conhecer Caldas Novas, no entanto, está se sentindo lesado após cair no suposto golpe.
"A gente tinha muita vontade de conhecer Caldas Novas, a cidade das águas quentes, por isso decidimos fazer essa 'manobra' para conseguir ficar aqui ainda, mas fomos lesados. Tanto é que ninguém está conseguindo se divertir. Tivemos que nos endividar para conseguir ficar aqui com as crianças”, disse.
Outra turista, que preferiu não se identificar, contou que, quando eles chegaram ao hotel, o gerente informou que a dona da agência pagou apenas um sinal de R$ 11 mil, mas que estaria faltando cerca de R$ 34 mil.
“Chegando no destino fomos informados pelo gerente do hotel que ela não havia efetuado o pagamento, somente dado um sinal de reserva, que se quiséssemos ficar hospedados teríamos que pagar o restante”, disse.
“Tivemos que ficar na rua de baixo de chuva com crianças, idosos e deficientes, procurar por conta própria um lugar para irmos passear a noite. Essa atitude foi desumana e, para priorar a situação, a volta teve que ser por conta própria, pois ela não havia feito o pagamento do ônibus”, disse a turista.
O grupo veio à Goiás em três ônibus que foram locados para a viagem. Cristiano contou que até mesmo os motoristas disseram que não receberam pelo serviço e que, por isso, não poderiam leva-los de volta para Minas Gerais.
“Os motoristas dos três ônibus estavam alegando também que não receberam e estavam alegando que não podiam levar a gente de volta”, completou Cristiano.
Turistas fretaram ônibus para voltar à MG
Uma turista, que preferiu não se identificar, contou que está, nesta sexta-feira (6), dentro de um ônibus que ela e outros 38 turistas fretaram para poder voltar para Minas Gerais. Ela contou que eles pagaram cerca de R$ 6 mil para alugar o veículo - valor que será dividido por pessoa.
“Ficamos sabendo que os motoristas também não tinham sido pagos por ela. Aí conseguimos entrar em contato com a empresa de um dos ônibus e fechamos um acordo e pagamos novamente para irmos embora”, disse a mulher.
Caso registrado na polícia
Segundo os turistas, a responsável pela empresa foi até a Delegacia de Polícia Caldas Novas junto com alguns integrantes do grupo, onde foi registrada uma ocorrência, porém, ela foi liberada em seguida.
O delegado Tiago Fraga Ferrão falou que o caso foi registrado, mas que o investigador plantonista entendeu que a situação não configurou em prisão em flagrante.
Ele disse que a suspeita é de estelionato, mas que ainda vai ouvir pessoas, analisando se o inquérito será instaurado em Goiás ou em Minas Gerais, onde foram feitos os pagamentos.
”Inicialmente, ainda estamos ouvindo algumas pessoas, colhendo elementos, vou analisar direitinho se esse inquérito será instaurado por aqui ou se vou remeter os expedientes para Minas Gerais, de onde vieram os turistas, onde foram feitos os pagamentos”, disse o delegado.
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