No sábado, mesmo dia em que o Grêmio enfrentou o Caxias, pela final do Campeonato Gaúcho, Ferreira publicou no Instagram um comprovante de aposta nesse mesmo jogo, no valor de R$ 500, no site "Esportes da Sorte". A aposta era em vitória do próprio time.

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Machucado, Ferreira não participou do jogo. O agente do jogador, Pablo Bueno, disse ao ge que se tratou de uma propaganda da empresa, que patrocina o atleta e o próprio Grêmio. Por meio de sua assessoria, a empresa confirmou se tratar de publicidade. A "Esportes da Sorte" disse ainda que outras pessoas contratadas por ela postaram a mesma fatura, o mesmo print.

As duas partes negaram, portanto, que o "print" era de uma aposta feita pelo próprio Ferreira, o que é frontalmente proibido pela Fifa. A entidade que manda no futebol mundial prevê multa de "pelo menos 100 mil francos suíços" (R$ 550 mil) e banimento do futebol por até três anos para jogadores, árbitros e dirigentes que fizerem apostas em jogos de futebol.

O código de ética da Fifa veda ainda outros casos de "envolvimento indireto" com apostas:

Em seu Código de Ética, a Fifa não faz menções específicas à atuação de jogadores em publicidade para empresas de aposta. A reportagem do ge perguntou especificamente à entidade sobre o caso de Ferreira, mas ainda não obteve resposta.

A atividade das casas de aposta é legal no Brasil, mas ainda não foi regulamentada. Por isso, não há nenhuma lei que proíba o que o atacante do Grêmio fez.

Segundo o que o ge apurou, o Ministério da Fazenda, que está em processo de regulamentar a atividade no Brasil, quer incluir na lei a proibição de que jogadores apostem, assim como obrigar as entidades esportivas a prever tais situações em seus regulamentos e estatuto.

O Regulamento Geral de Competições da CBF tem um item do artigo 65 que proíbe o atleta de apostar. Um outro item diz que será considerado "conduta ilícita" o fato de: "instruir, encorajar ou facilitar qualquer outra pessoa a apostar em partida de futebol da qual esteja participando ou possa exercer influência". O RGC da Federação Gaúcha tem um item semelhante.

Segundo advogados ouvidos pela reportagem – que pediram para não terem seus nomes citados – o atacante poderia ser enquadrado nessa proibição. Outros avaliam que o fato de não estar relacionado para o jogo por causa de lesão automaticamente o isentaria, afinal não estaria participando e portanto não teria como "exercer influência" sobre o resultado.

Segundo o ge apurou, o Grêmio pretende já nesta terça-feira preparar uma orientação para jogadores, comissão técnica e demais funcionários do clube. Ferreira teria se desculpado com o clube. Ele apagou a publicação.

Em nota, o clube diz que:

"O Grêmio FBPA, no intuito de preservar a transparência de seus processos, dos valores éticos e morais preconizados por essa instituição, informa que está tomando todas as providências necessárias sobre o episódio envolvendo o atleta Ferreira e a patrocinadora do Clube, Esportes da Sorte, divulgada em rede social do jogador no último sábado.

O Grêmio, em consonância com as regras estabelecidas pelas organizações mundiais do futebol, no que tange à proibição de apostas esportivas e eventuais punições, como as regulamentadas pela FIFA, passa a emitir a partir desta segunda-feira, 03, comunicado formal aos atletas e comissões técnicas, de todas as categorias, sobre nova norma que irá vigorar no Clube nas relações de seus profissionais com essa modalidade de entretenimento.