A cantora e compositora Gabi Fernandes, namorada da lateral-esquerda e capitã da seleção brasileira Tamires desde agosto do ano passado, viajou de Ribeirão Preto (SP) para a Austrália entre quinta-feira e esta sexta-feira par torcer pelo Brasil na Copa do Mundo. Na bagagem, ela levou a expectativa de uma folga das jogadoras entre as partidas, já que o grupo descansa nesta sexta, antes da estreia, para poder rever a companheira, que embarcou com a delegação brasileira para o Mundial no início do mês.
- Até converso com elas para saber se vai ter algum dia de folga [entre as partidas], se vão poder sair do hotel, e elas mesmas não sabem. Acho que depende muito de como o Brasil for na primeira fase. É um momento muito delas, de muita concentração, de muito trabalho, até porque são quatro anos trabalhando para esse momento. Se eu conseguir vê-la pessoalmente ótimo, se não vou estar sempre nos estádios torcendo – contou.
Gabi Fernandes e Tamires, lateral da seleção feminina — Foto: Reprodução/Instagram
Apesar da saudade, amenizada por conversas pelo telefone com a diferença de fuso horário de mais de 13 horas para o Brasil, o fato de saber que a namorada representa o país no Mundial ameniza a distância.
- Eu e a Tamires nos falamos todos os dias, mas pouco tempo, porque eu estou acordando e ela está indo dormir e às vezes eu estou indo dormir e ela está acordando, esse fuso atrapalha bastante. Mas, o foco é sempre a preparação dela pra ajudar a seleção brasileira. Quando ela precisa descansar ela vai dormir e tudo bem, ficamos sem falar (...) Sabendo que estou ali no mesmo país, pertinho e não conseguir ver vai ser difícil, mas também é algo que eu vou entender, é um tempo que temos que ficar distante, mas por um bem maior que é ela representar a seleção – disse a cantora.
Torcedora afinada
A relação de Gabi Fernandes com a seleção feminina vai além de Tamires. A cantora tem amizade com outras jogadoras, como Gabi Nunes, Antônia, Rafaelle e até Marta, com quem troca mensagens via redes sociais.
O relacionamento se estreitou por conta de músicas compostas por Gabi em homenagem à seleção, como a que fez para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que contou com a participação da técnica Pia Sundhage no violão durante a gravação do clipe oficial da canção.
- As meninas praticamente todas me conhecem e eu as conheço. Ainda não conheci a Marta pessoalmente, mas a Marta já trocou muita ideia comigo até pela internet, por conta da música que eu fiz nas Olímpiadas. Muitas delas acompanham minha carreira, isso é bem legal, e muitas eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Elas têm muito carinho comigo por serem muito próximas da Tamires também – revelou Gabi, que também compôs uma música usada pelo SporTV como tema do Mundial deste ano: Meninas de Ouro.
Shows na Austrália
Enquanto a torcida brasileira aguarda vários shows das jogadoras na Copa, o primeiro deles já contra o Panamá na segunda-feira, às 8h (de Brasília), Gabi Fernandes está com agenda cheia para apresentações durante a passagem dela para a Austrália.
A cantora já garantiu shows nos dias das partidas da seleção. A programação tem apresentações nos dias 24 e 29 de julho, em Adelaide e Brisbane, respectivamente,e 2 de agosto em Melbourne.
Segundo Gabi, a preparação para uma viagem distante, como para a Austrália, exigiu planejamento e esforços financeiros.
– Eu sabia muito que eu queria acompanhar essa Copa inteira, porque eu estou muito esperançosa que o Brasil passe e vá passando até as fases finais. Então eu queria viver isso, viver esse momento, ver a Tamires jogando provavelmente a sua última Copa do Mundo. Há mais ou menos um ano eu venho me preparando financeiramente pra isso, fazendo as minhas reservas especificamente pra isso, que não é uma viajem barata, é um preço de um carro. É uma viajem muito longa, muito cara, a hospedagem é cara, eu tive que me planejar. Sempre que faço shows, trabalho, publicidades, eu reservo uma parte e guardo esse dinheiro para essa viajem. O que eu pensei foi: Se na época que eu chegar lá eu não tivesse dinheiro em mãos ali na hora, eu vu ter ele guardadinho nos meus investimento para eu poder pegar e fazer essa viagem – explicou.
Gabi Fernandes cantando para crianças de uma escolinha de futebol feminino em Ribeirão Preto — Foto: Foto: Rubens Avelar
Dos gramados para os palcos
Gabi Fernandes fala com propriedade sobre as chances da seleção brasileira, pois em boa parte da adolescência ela tentou ser jogadora de futebol, até se encontrar como cantora e trocar os gramados pelos palcos.
– Foi meu primeiro sonho de menina, de profissão, ser jogadora de futebol. Então, com meus oito anos de idade eu comecei a jogar, treinar, até meus 14 anos, que eu disputei a Disney Cup nos Estados Unidos. Eu tinha isso fixo como um plano de vida, aí eu tive um choque de realidade quando fui para os Estados Unidos e fiquei muito feliz como eu vi o futebol feminino sendo tratado lá. Eu voltei para o Brasil e foi uma grande quebra de expectativa e eu acabei me frustrando muito com a realidade daqui (...) Na minha época não tinha estrutura legal, não tinha campeonatos para a gente jogar, não tinha vestiário, não tinha campo legal para treinar, era super difícil, a grama alta, não tinha um cuidado, não era visto como uma profissão. Eu olhei pra frente e não consegui ver um futuro naquilo por conta dessas barreiras. Eu tinha a música já e gostava muito e acho realmente que nasci para ser cantora, mas tem muitas meninas que olham para o futebol e só veem isso como profissão. O que é uma causa hoje para mim, eu não quero que essas meninas desistam por falta de estrutura, por falta de visibilidade.
Gabi Fernandes, cantora fã de futebol e namorada de Tamires — Foto: Rubens Avelar
Mas a troca do campo pelo palco não significou o fim da paixão pelo esporte. Muito pelo contrário, já que Gabi segue afinadíssima nessa tabelinha entre música e futebol. E na torcida por Tamires e toda seleção brasileira.
– Eu estou muito confiante, muito mesmo, porque eu acompanhei meio que de perto toda essa preparação durante esses últimos anos e acompanho sempre os jogos, assisto muito. Copa do Mundo é Copa do Mundo, não tem como comparar com amistoso. É uma atmosfera diferente e isso a gente vê na Copa do Mundo masculina. A gente viu o Marrocos que ninguém imagina onde eles chegaram, então a parte mental conta demais, o dia em si vai contar demais, não dá pra gente prever. É claro que o Brasil hoje está ali entre as oito, sete melhores seleções do mundo, mas a gente está falando de ranking. A Copa do Mundo não é feita por ranking, porque vai acontecer o que tiver que acontecer – analisou a cantora.
* Sob supervisão de Vinícius Alves e João Fagiolo