Neymar está prestes a fazer um caminho que muitos outros craques brasileiros fizeram. Após anos de sucesso no Barcelona, PSG e uma luta contra lesões no Al-Hilal, o camisa 10 vai voltar ao Brasil. Mas afinal, onde o futuro atacante do Santos se encaixa em uma lista de outros retornos ídolos do futebol nacional?
Nomes como Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Romário, entre outros, retornaram ao Brasil não apenas com a experiência de títulos e conquistas na Europa, mas também cercados de expectativa de reerguer seus clubes ou escrever mais um capítulo nas suas histórias.
A iminente chegada de Neymar ao futebol brasileiro para defender o Santos se compara a esses retornos? É maior? Veja a lista abaixo e vote na enquete: qual o maior retorno para o futebol brasileiro?
Roberto Carlos e Ronaldo sendo apresentados pelo Corinthians em 2010 — Foto: Arquivo ge
Romário para o Flamengo, 1995
Em 1995, Romário, então estrela do Barcelona e eleito o melhor jogador do mundo em 1994, tomou a inesperada decisão de retornar ao Brasil após conquistar a Copa do Mundo de 1994. Ele abriu mão de ganhos financeiros significativos para priorizar sua felicidade, optando por estar perto da família, amigos e do estilo de vida carioca, incluindo praia, funk e a Barra da Tijuca, conforme confidenciou anos mais tarde.
O Flamengo foi o destino escolhido, graças ao esforço do presidente Kleber Leite, que mobilizou empresas para arrecadar cerca de US$ 4,5 milhões para viabilizar a contratação histórica.
Romário declarou que preferiu "ser feliz do que mais rico" e reafirmou que faria a mesma escolha novamente.
Ronaldo para o Corinthians, 2009
Em 2009, Ronaldo Fenômeno surpreendeu ao anunciar sua volta ao futebol brasileiro pelo Corinthians, aos 32 anos, após quase um ano afastado por lesão. A contratação foi considerada o maior negócio de marketing da história do Corinthians.
Foram cinco semanas de negociações entre Andrés Sanchez (presidente do Corinthians), Luis Paulo Rosenberg (vice-presidente de marketing do clube), Fabiano Farah (empresário do atacante) e Ronaldo.
Patrocinadores aumentaram seus investimentos e novos espaços na camisa foram comercializados, gerando receitas que permitiram ao clube oferecer um salário líquido de R$ 400 mil mensais, além de R$ 9 milhões em cotas de patrocínio.
Ronaldo, em Corinthians x Flamengo, oitavas de final da Libertadores (2010) — Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians
Além do impacto financeiro, dentro de campo Ronaldo mostrou sua capacidade: foi campeão invicto do Paulistão e da Copa do Brasil em 2009, com 35 gols (alguns golaços) em 69 jogos pelo Corinthians, antes de encerrar a carreira em 2011.
Adriano para o São Paulo, 2007
No final de 2007, Adriano Imperador retornou ao Brasil após perder espaço na Inter de Milão devido a lesões e problemas de comportamento. Surpreendentemente, em vez de voltar ao Flamengo, clube que o revelou, foi emprestado ao São Paulo por seis meses, período que usaria para recuperar sua forma física e técnica.
Adriano Imperador atuando pelo São Paulo em 2008 — Foto: EFE
A estreia pelo São Paulo aconteceu em janeiro de 2008, quando marcou dois gols e garantiu a vitória contra o Guaratinguetá pelo Paulistão. Na Libertadores, Adriano também brilhou, anotando seis gols ao longo da competição. Apesar de seu impacto em campo, sua passagem pelo clube terminou nas quartas de final da Libertadores, com a eliminação para o Fluminense.
Roberto Dinamite para o Vasco, em 1980
Em 1980, Roberto Dinamite retornou ao Brasil após breve passagem pelo Barcelona. Apesar de um acerto quase fechado com o Flamengo, uma reviravolta orquestrada por Eurico Miranda trouxe o ídolo de volta ao Vasco da Gama, seu clube do coração. A decisão foi influenciada pela pressão da torcida vascaína e pelo vínculo emocional que Dinamite tinha com o clube.
O retorno foi apoteótico. Em sua reestreia no Maracanã, em 4 de maio de 1980, contra o Corinthians, Dinamite marcou os cinco gols da vitória por 5 a 2, em uma das atuações individuais mais marcantes da história do estádio.
Volta de Roberto Dinamite — Foto: Capa de O Globo
"Fazer cinco gols contra o Corinthians, que tinha um time do c..., foi muito bacana. Voltei para o Brasil como uma interrogação, pois não fui bem no Barcelona. Aí volto contra o Corinthians, no Maracanã, com um público enorme e marco cinco gols. Guardo esse jogo com muito carinho. Foi uma das minhas grandes atuações.", recordou Roberto, em entrevista ao ge em 2020.
Zico para o Flamengo, em 1985
O retorno de Zico ao Flamengo, em 1985, foi marcado por grande emoção e festa no Maracanã. Após dois anos na Itália, o ídolo rubro-negro foi recebido como um rei em um amistoso no dia 12 de julho contra um time de craques internacionais. O Flamengo venceu por 3 a 1, com direito a um gol de falta de Zico.
O retorno foi viabilizado pelo "Projeto Zico", envolvendo patrocínios. Em sua estreia oficial, dois dias depois, Zico liderou o Flamengo em uma vitória por 3 a 0 contra o Bahia, marcando um dos gols.
Entretanto, a alegria deu lugar à dor pouco tempo depois. Em um jogo contra o Bangu, Zico sofreu uma entrada desleal de Márcio Nunes, resultando em graves lesões no joelho e tornozelo. Ele precisou passar por três cirurgias e enfrentar um longo e doloroso processo de recuperação.
Mesmo assim, Zico conseguiu voltar a jogar e escreveu mais linhas vitoriosas na sua história com a camisa do Flamengo até deixar o clube, em 1990, rumo ao futebol japonês.
Taffarel para o Atlético-MG, em 1995
O retorno de Taffarel ao Brasil, em 1995, ocorreu em um período de incertezas. Após conquistar a Copa do Mundo de 1994, ele ficou desempregado, pois já havia rescindido contrato com a Reggiana, da Itália, antes do torneio.
Mesmo sendo titular na Copa do Mundo, Taffarel voltou ao Brasil sem propostas e tirou o tempo para descansar. Nesse tempo, recusou uma oferta do Japão, que envolvia condições financeiras desfavoráveis, até vir o convite do Atlético-MG.
Taffarel atuando como goleiro do Atlético-MG — Foto: Divulgação/Atlético
O próprio goleiro conta que a recepção calorosa da torcida acabou contrastando com a realidade encontrada mais tarde: salários atrasados, falta de estrutura e dificuldades administrativas. Como capitão, ele precisou liderar dentro e fora de campo, negociando com a diretoria e apoiando colegas e funcionários. Em três anos atuando pelo Galo, Taffarel participou de 191 partidas.
Ronaldinho Gaúcho para o Flamengo, em 2011
O retorno de Ronaldinho Gaúcho ao Brasil, em 2011, foi marcado por sua escolha pelo Flamengo após negociações com Grêmio e Palmeiras. Recebido com uma festa histórica pela torcida, Ronaldinho chegou à Gávea trazendo enorme expectativa após brilhar por mais de uma década na Europa em clubes como PSG, Barcelona e Milan.
Em campo, ele conquistou o título do Campeonato Carioca e protagonizou momentos memoráveis, como o hat-trick na vitória épica por 5 a 4 contra o Santos de Neymar, na Vila Belmiro, considerado um dos maiores jogos da história do Brasileirão. No total, Ronaldinho fez 72 partidas e marcou 28 gols pelo Flamengo.
Apesar do sucesso inicial, sua passagem pelo clube terminou de forma conturbada em 2012, devido a salários atrasados e conflitos com a diretoria.
Roberto Carlos para o Corinthians, em 2009
Em 2009, Roberto Carlos retornou ao Brasil para atuar pelo Corinthians, causando controvérsia com a torcida do Palmeiras, onde havia construído parte de sua história. Inicialmente, tentou negociar com Santos e com o Verdão, mas foi recusado por ambos devido a questões financeiras e de elenco.
A ida de Roberto Carlos para o Corinthians foi impulsionada por Ronaldo Fenômeno, que, junto ao então presidente Andrés Sanchez, apresentou o projeto ambicioso do clube.
Roberto Carlos e Vagner Love, em Corinthians x Flamengo, oitavas de final da Libertadores (2010) — Foto: Daniel Augusto Jr/Ag.Corinthians
No dia 18 de novembro de 2009, após várias especulações, Roberto Carlos foi anunciado como o primeiro grande reforço do Corinthians para a Copa Libertadores de 2010. O lateral-esquerdo assinou contrato e foi apresentado no dia 4 de janeiro.
Roberto Carlos estreou pelo Corinthians na temporada 2010 e ficou pouco mais de um ano. Após a eliminação precoce na primeira fase da Libertadores, em fevereiro de 2011, anunciou sua saída do clube, alegando ameaças de torcedores.
Hulk para o Atlético-MG, em 2021
Após 16 anos atuando fora do Brasil, Hulk voltou ao futebol brasileiro em 2021, escolhendo o Atlético-MG como destino. Quatro anos depois, o atacante paraibano, que iniciou sua carreira no Vitória e passou por clubes no Japão, Portugal, Rússia e China, segue escrevendo seu nome na história do Galo.
No primeiro ano, Hulk brilhou intensamente: foi campeão do Campeonato Mineiro, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, entrando para a história do Atlético-MG. Além disso, tornou-se o maior artilheiro do Mineirão desde sua reforma em 2013, acumulando 51 gols no estádio. Ele também é o maior goleador do clube na história da Copa Libertadores.
Raí para o São Paulo, em 1998
O retorno de Raí ao São Paulo em 1998 foi marcado por uma "surpresa". Após brilhar no PSG, ele decidiu voltar ao Tricolor Paulista. Seu retorno foi oficializado em 7 de maio de 1998 e ele foi inscrito para disputar a final do Campeonato Paulista contra o Corinthians.
O São Paulo havia perdido o primeiro jogo da final por 2 a 1 e, apesar de Raí ter chegado após a data limite para ser inscrito, foi autorizado a jogar. O técnico Nelsinho Batista manteve a surpresa sobre a escalação de Raí até a véspera da partida de volta, quando comunicou ao elenco que o craque seria titular, substituindo Dodô, que enfrentava problemas no joelho.
Raí fez sua estreia no jogo de volta da final, em 10 de maio de 1998, com o São Paulo vencendo por 3 a 1, garantindo o título Paulista.
Juninho Pernambucano para o Vasco, em 2011
O retorno de Juninho Pernambucano ao Vasco em 2011 foi cercado de emoção por toda a identificação que ele tem com o clube. Em sua reestreia, contra o Corinthians, o meia mostrou logo de cara o seu talento, marcando um gol de falta aos dois minutos de jogo, um lance clássico de sua carreira.
O então presidente Roberto Dinamite, com popularidade alta à época, havia repatriado no ano anterior outro ídolo, Felipe. Repetiu a dose com Juninho, que chegou ao Vasco com um valor simbólico de um salário mínimo, destacando a relação de carinho e respeito com o clube.
Ao longo de sua trajetória pelo Vasco, Juninho acumulou 22 gols de falta, representando quase 30% de seus 76 gols marcados pelo clube.