“Um sonho de quem era apaixonado por futebol”. Foi assim que os moradores da comunidade Vila Maria Helena, em Caxias, no Rio de Janeiro, definiram o projeto do Esporte Clube Vila Maria Helena, comandado pelo técnico Rafael Maximiano, ou Rafael "Max", como era apelidado pelos jovens do time.
O treinador e outras 33 pessoas estavam no ônibus que trazia os jogadores do projeto social de volta ao Rio de Janeiro, após a Copa Nacional de Base, em Ubaporanga (MG). O time foi campeão da categoria sub-18 e vice no sub-16. O acidente contou com quatro vítimas já identificadas (três menores e um maior) e outros 29 feridos.
O ge foi ate a sede do time, no bairro de Caxias, no Rio de Janeiro, para saber mais sobre a história do projeto social.
Fachada do Esporte Clube Vila Maria Helena, em Duque de Caxias — Foto: Luca Bíscaro
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Antes de o projeto social existir, os jovens da comunidade de Vila Maria Helena jogavam pelo 7 de Abril, time financiado por empresários, com o centro de treinamento no bairro de Piedade, na Zona Norte carioca. A equipe, porém, acabou em 2018 uma vez que os investidores desistiram de prosseguir com o projeto. Foi então o início do EC Vila Maria Helena.
Rafael Max, que era o treinador das categorias sub-16 e sub-18 do 7 de Abril, acolheu os meninos da comunidade e iniciou seu projeto social para que os jovens não deixassem de jogar.
Rafael Max, técnico do EC Vila Maria Helena — Foto: Reprodução
O campo no bairro localizado em Caxias existe há 10 anos, mas desde 2019 é administrado pelo técnico Rafael Max. Atualmente, o EC Vila Maria Helena conta com as categorias sub-13, sub-16 e sub-18 - todas treinadas por Rafael. O time compete ligas nacionais, como a Copa Ubaporanga, e torneios regionais, como a Copa Rio.
Campo do EC Vila Maria Helena — Foto: Arquivo pessoal
Douglas Ramos, conhecido como Dodô, treinou o EC Vila Maria Helena por dois meses em 2022. Na ocasião, o técnico Rafael Max havia passado por um período na Juazeirense - clube que disputa a Série D do Brasileirão.
Dodô, que hoje é técnico do time "Geração de Craques", de Campos Elíseos, também em Caxias, conta que a ideia do projeto sempre foi priorizar o lado "social". Além disso, ele disse que um dos objetivos do time idealizado por Rafael Max é proporcionar experiências diferentes aos jovens da comunidade.
- A gente tem essa capacidade de ajudar os meninos. Pensamos sempre na parte social e na parte psicológica dos meninos. E claro, também pensamos no alto rendimento deles (no esporte).
- Tentamos apresentar eles para o cenário do futebol, tentar levar em lugares diferentes, a maioria deles não tem essa oportunidade por conta das carências que a gente tem no Rio de Janeiro. A gente bota nossa cara e tenta contar com a ajuda dos pais para seguir com o projeto.
- Ano passado o Rafael foi para a Juazeirense, e por conta dessa boa relação que nós temos, para manter o projeto e não acabar, porque são muitos jovens envolvidos no sonho de ser jogador de futebol, a gente prontamente ajudou ele, e ficamos pouco tempo - completou.
Os jovens que estavam no campo do projeto na última segunda-feira, dia em que aconteceu o acidente com o ônibus do time, detalharam como funciona a administração do EC Vila Maria Helena. Segundo os moradores da comunidade, é o próprio técnico Rafael Max que vai atrás das competições para os garotos competirem nas três categorias.
Além disso, o treinador conta com um apoio financeiro dos país dos jovens, que dividem os custos das viagens, e os pagamentos referentes à uniformes, equipamentos de treinos - como bolas e coletes, transporte e alimentos nas viagens. Atualmente, o projeto não conta com patrocínios de empresas que o apoiem financeiramente.
O técnico Rafael Max estava hospitalizado em decorrência do acidente durante a visita do ge ao EC Vila Maria Helena. A família do treinador, que está estável clinicamente, mas seguirá em observações no Hospital São Salvador, em Além Paraíba (MG), não respondeu aos contatos do ge.
Time sub-18 do EC Vila Maria Helena — Foto: Reprodução
Time sub-16 do EC Vila Maria Helena — Foto: Reprodução
O acidente
O acidente aconteceu por volta de 1h nesta segunda-feira, na BR-116, no km 792 + 500, na ponte sobre o Rio Angu, quando o time voltava de Ubaporanga (MG).
As buscas terminaram perto das 7h devido às condições do ônibus, que caiu de cabeça para baixo e deixou as vítimas presas nas ferragens. Segundo informações repassadas pela PRF, o motorista perdeu o controle do veículo.
Dos 29 feridos, 24 foram encaminhados para o Hospital São Salvador, em Além Paraíba. Outros cinco foram levados para a Casa de Caridade Leopoldinense, em Leopoldina.
O Hospital São Salvador informou ao ge que dois feridos estão internados em estado grave, na UTI, mas nenhum boletim médico foi divulgado ainda. Ainda segundo o hospital, a maioria das pessoas que estava no ônibus passa bem, e alguns já começaram a receber alta.
A viagem consta como registrada no sistema de Licenças de Viagem Nacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O ônibus envolvido pertence à LG Turismo e Transportes. No início da tarde, a empresa se manifestou através de nota.
A companhia informou que se coloca à disposição para dar todo o suporte necessários aos órgãos competentes, aos passageiros e familiares. A empresa alega que está registrada na lista da ANTT e que havia 32 pessoas no ônibus. O número é diferente do apurado pelo g1, que contabilizou 33 pessoas.